“A festa que não precisa de imprensa (só de aplausos e likes)”
Foi, mas não foi. Foi em algumas áreas, mas em outras ficou do lado de fora, com crachá na mão e cara de quem foi convidado para uma festa que, no fim das contas, não queria testemunhas.
Estamos falando da imprensa. Aquela velha parceira de tantas festas, que ajuda a divulgar antes, durante e depois. Que dá visibilidade, registra memórias, entrevista, fotografa, filma, elogia — e, quando precisa, questiona. Mas dessa vez, não. Dessa vez, a comunicação ficou na porteira.
Na mais recente edição de uma festa, os comunicadores da própria cidade — sim, aquela que investiu, que cedeu estrutura, que participou — foram simplesmente deixados de lado. Como se não fossem parte do espetáculo. Profissionais locais foram barrados ou tiveram acesso limitado, enquanto nomes de fora foram contratados para “dar conta do recado”.
A lógica? Mistério. Parece que a festa nasceu espontaneamente, não precisou de divulgação prévia, nem da credibilidade construída ao longo de anos pelos veículos e profissionais locais. Parece que likes no Instagram substituem reportagens. Que vídeos gravados no calor da empolgação são melhores que uma cobertura completa, com responsabilidade e olhar técnico.
É curioso ver uma festa que se ancora na cultura da cidade, no apoio do povo e, em muitos casos, em investimentos públicos, virar as costas para quem realmente conta essa história todos os anos. Como se a imprensa local fosse apenas um detalhe descartável. Como se o trabalho sério dos comunicadores da região não valesse o crachá de acesso livre.
Mas tudo bem. Quem sabe, na próxima edição, os flashes sejam substituídos por espelhos. E os microfones, por autoelogios.
Enquanto isso, a imprensa segue fazendo o que sempre fez: registrando, informando, respeitando — mesmo quando não é respeitada. Porque jornalismo não precisa de convite. Precisa de liberdade.
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